



TEXTOS de HAROLD PINTER
hot tea
38ª produção do GATO SA
O espectáculo HOT TEA, sendo de texto, foi preparado com as preocupações dominantes da procura de um Teatro de Arte feito para o público mas sem o “levar pela mão” e sem o condicionar... queremos cativar o espectador com as várias componentes do espectáculo que lhe apresentamos mas respeitando-o como receptor criativo capaz de preencher os vazios com a sua própria experiência e sensibilidade. Fazemos teatro colocando-nos no lugar de quem assiste áquilo que lhe damos a ver, não queremos confundir o espectador nem deixá-lo à deriva num mar de sujestões simbólicas e imagens metafóricas de sentidos escondidos. O teatro é para ser disfrutado por todos e o público não se escolhe.
Já agora, o título HOT TEA não é mais do que uma alusão à componente imagética da encenação.
HAROLD PINTER
"Uma coisa não é necessariamente verdadeira ou falsa; pode ser simultâneamente verdadeira e falsa." (Harold Pinter 1958)
HOT TEA é composto por cinco peças curtas da autoria de Harold Pinter: “A Noite”, “Nova Ordem Mundial”, “É só Isso”, “O Candidato” e “Victoria Station”. Emergem de todas elas, um pensamento discursivo, através do qual o autor mostra a inadequação da racionalidade para entender o sem sentido da condição humana, da prepotência exercícida sobre os indefesos, do absurdo do quotidiano e do vazio existencial.
Harold Pinter – Nasceu a 10 de outubro de 1930 em East London. Foi dramaturgo, director, actor, poeta e activista político. Morreu em 24 de dezembro de 2008. Escreveu vinte e nove peças de teatro, vinte e um roteiros de cinema, dirigiu vinte e sete produções teatrais e escreveu para rádio e televisão. Reputado dramaturgo do Teatro do Absurdo, Pinter é considerado um dos mais importantes renovadores do teatro moderno com um estilo muito peculiar. Os seus textos, povoados de silêncios, estão marcados pela ambiguidade e pelo humor, desenhando ambientes de opressão, ameaça e alienação. É público o interesse de Pinter pela política. Ao longo dos anos falou vigorosamente sobre o abuso do poder do Estado em todo o mundo.
Harold Pinter foi agraciado com inúmeros prémios e distinções e em 2005 recebeu o Prémio Nobel de Literatura.
Ao anunciar o prémio, Horace Engdahl, presidente da Academia Sueca, disse que “nas suas peças, Pinter descobre o precipício sob a fala do quotidiano e força a entrada em salas fechadas da opressão".
SINOPSE
Histórias de gente comum, frágil, solitária, sitiada, oprimida, trazem-nos a problemática da violência e do sofrimento humano em diferentes aspectos e realidades contemporâneas e universais da vida, mas sem emitir juizos de valor que ficam para quem as leva consigo depois da sessão. O espectáculo pretende envolver o público num “universo de incertezas, contradições, mentiras, invenções”. Nelas, mais importante do que as acções, são as palavras encadeadas de forma sucinta e rarefeita entre silêncios ensurdecedores. Histórias, por vezes brutais, em que quem toma a palavra é não apenas o ameaçado mas também o manipulador e o torcionário.

A NOITE
A dificuldade do confronto das expectativas de quando jovem com a realidade numa fase avançada da vida a dois, quando o sexo e o afecto são substituidos pela rotina e pelo conformismo e quando o desprendimento carregado de silêncios escondem as frustrações e o vazio da existência.
NOVA ORDEM MUNDIAL
Nos anos sessenta e setenta assistimos em todo o mundo e de forma particular na América Latina à violência de regimes autoritários e repressivos suportados por estruturas de censura e controlo da opinião pública e organizações policiais com toda uma série infindável de métodos de intervenção, prisão, inquérito e tortura.


E SÓ ISSO
A solidão na velhice e a problemática da indiferença e do abandono da própria familia que quantasw vezes a própria vítima esconde por pudor ou por medo, recriando e mistificando “realidades” e alimentando sonhos tão calorosos quanto inverosímeis.
O CANDIDATO
As entrevistas de emprego, os “castings”, as candidaturas num mundo em que escasseiam as oportunidades podem levar ao abuso de poder, ao livre arbítrio de quem conduz os procedimentos e à sujeição de quem precisa à frieza dos procedimentos.


VICTORIA STATION
Duas vidas ligadas pela mesma função profissional e por um rádio/comunicador embora separadas fisicamente - o condutor de táxi e o funcionário da central telefónica. Uma comunicação dificultada pelos conflitos pessoais que se vão descobrindo ao longo desta história com um desfecho inesperado.
NOTAS DE ENCENAÇÃO
Dramaturgicamente o desafio principal situou-se na procura das situações coerentes com a caracterização das personagens e com as acções lógicas de suporte aos diálogos, sem desvirtuar o sentido dos textos. Assim a encenação de cada história inclui tempos de linguagem não verbal que ajudem o público a desligar da anterior e a situar a nova acção. Os textos, parcos em didascálias e notas introdutórias, deixam ao encenador a tarefa de os enquadrar em termos das acções e das movimentações de cena. Para além disso, tratando-se de 5 histórias distintas levou-nos a optar por soluções cenográficas simples mas dinâmicas que pudessem criar diferentes espaços e sujerir enquadramentos físicos adequados e síncronos com as histórias que situámos na década de setenta.
João Calvário que assina a concepção cenográfica, fê-lo num diálogo permanente com o encenador na procura de uma solução despojada e de uma uniformidade cromática que em seu entender melhor correspondem ao universo de Pinter. O recurso a paineis móveis ficou igualmente associado a uma dimensão generosa e a uma presença física que se impusesse nos pequenos palcos para que o espectáculo está vocacionado. Finalmente as peças de mobiliário de cena e os principais adereços foram concebidos de forma simbólica apelando à imaginação do público e recusando soluções realistas que seriam impossíveis para as peças mais dificeis. A concepção cenográfica apontava desde o incio para a importância da iluminação para valorizar os volumes e planos móveis permitindo a utilização de cores, sombras e imagens.
Rui Senos realizou o desenho de luz mas não podendo operar os espectáculos limitou-se a uma solução simples mas ainda assim eficaz na definição das diferentes cenas. Pareceu igualmente importante o apoio de ambiências sonoras para a diferenciação das histórias e para acentuar alguns aspectos mais pertinentes de cada situação pelo que solicitámos a colaboração de João Martinho (Xoices) que aceitou esta incursão num universo criativo bem distinto do seu.
Finalmente o guarda roupa ficou a cargo da Helena Rosa que não apenas o situou na época em causa e na geografia das histórias mas deu coerência cromática e equilibrio ao conjunto das cenas.
TESTEMUNHOS
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Ficha Técnica
Intérpretes
Patrícia Figueira
Raul Oliveira
Tomás Porto
Rogério Bruno
Damaturgia e Encenação
Mário Primo
Cenografia
João Calvário
Figurinos
Helena Rosa
Fotografia
Victor Horta
Carpintaria de cena
Manuel Magalhães
Musica
João Martinho
Desenho de Luz
Rui Senos
Cartaz
Pedro Dias
Produção
AJAGATO
AGRADECIMENTOS
A montagem do espectáculo e a preparação geral de materiais foi uma tarefa amplamente participada pelo que os nossos agradecimentos a todos os que nela participaram de algum modo.
Agradecimento especial a: João Calvário, Manuel Sotto Mayor, Pedro Cardoso, Pedro Mira, Stand Os Putos, optivisão, AMISSA, CARITAS.
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