16ª MITSA
UM GRANDE FESTIVAL
FEITO COM PEQUENOS APOIOS
(…) A exiguidade das verbas atribuídas ao teatro é normalmente justificada, dentro da retórica habitual, com o argumento de que diante da crise os sacrifícios tocam a todos e o teatro não pode ficar de fora. Já se sabe que, na verdade, os sacrifícios não tocam a todos, e não podiam, de maneira nenhuma, tocar da mesma forma. (…) Na realidade, o Estado está a dever muito mais dinheiro ao teatro do que o teatro ao Estado: se não fosse a actividade das companhias independentes subvencionadas, que executam a maior parte do serviço público no que diz respeito à criação teatral, não haveria verdadeiramente teatro no nosso país. (…)
Joaquim Benite - in “O teatro e a defesa da cidadania” Julho de 2012
A Mostra acumula sucessos artísticos e aumentos de adesão de público na mesma medida em que enfrenta os défices crónicos por mais apertada que seja a planificação e a gestão de recursos. A saga da manutenção deste projecto, que recebe anualmente os mais rasgados elogios do público e das próprias companhias participantes, continua e exige cada vez mais disponibilidade e engenho à pequena estrutura organizativa. Mas, no entanto, de 1 a 28 de Junho aí está uma vez mais a 16ª Mostra Internacional de Teatro “rasgando o quebranto da vila” em Santo André e Santiago do Cacém, reunindo 14 espectáculos diferentes de outras tantas companhias profissionais cujas apresentações se estendem a Sines, Porto Covo, Grândola, Odemira, S. Teotónio e Alandroal no âmbito do estabelecimento de parcerias de acolhimento.
A Mostra é um projecto cultural de grande significado para a região e um exemplo de capacidade de resistência dos seus promotores e da dinâmica da associação AJAGATO que, sem o apoio mecenático que o evento justifica, o realizam com o recurso a uma vasta rede de patrocinadores locais e algumas entidades com as quais estabelece protocolos anuais de colaboração: C. M. santiago do Cacém; Junta de Freguesia de Santo André; Repsol, Polímeros; Águas de Santo André; Galp, Refinaria de Sines.
Um agradecimento público aos parceiros de acolhimento, os municípios de Sines, Grândola, Odemira e Alandroal. Importa realçar que estas parcerias beneficiam da nossa capacidade de organização e sobretudo da estratégia artística global da programação mas, por outro lado, o trabalho em rede facilita a contratação das companhias e diminui os custos financeiros, o que corresponde a uma das linhas de acção que temos vindo a privilegiar nos últimos anos.
Um agradecimento público a todos os patrocinadores e apoiantes que, com a sua solidariedade, nos permitem continuar a enfrentar este desafio para o qual necessitaríamos de um apoio mecenático que nos ajudasse a evoluir a estrutura organizativa e a garantir uma maior projecção da Mostra.
As entidades com quem estabelecemos protocolos anuais merecem uma atenção muito especial, pelo crédito e segurança que nos dão para o planeamento atempado das actividades: Câmara Municipal de Santiago do Cacém; Junta de Freguesia de Santo André; Repsol, Polímeros; Águas de Santo André; Galp, Refinaria de Sines. Para todas as outras empresas e instituições referidas nos materiais de divulgação, o nosso sincero agradecimento porque o seu apoio ajuda a materializar o evento e dá-lhe uma expressão verdadeiramente participada do tecido empresarial desta região.
A Mostra Internacional de Teatro de Santo André afirma-se, ano após ano, como um festival de grande qualidade artística que cumpre a função prioritária de um evento desta natureza – “desenvolver um fluxo significativo de público genuinamente interessado pelo fenómeno teatral e simultaneamente contribuir para o alargamento desta dinâmica de promoção e formação teatrais a uma área geográfica cada vez maior”. O programa deste ano, a despeito das reiteradas dificuldades de financiamento, mantém o elevado nível de exigência qualitativa e junta algumas das melhores e mais prestigiadas companhias portuguesas de teatro e com elas os actores e encenadores de referência no panorama teatral português. A componente internacional está assegurada por uma companhia italiana, o TEATRO PICARO, que deixou uma extraordinária impressão em 2014 e por isso regressa, bem como por uma companhia espanhola, LUCAS LOCUS, com uma linguagem muito particular de teatro/circo. Estas duas companhias integram o programa com cinco representações e um workshop.
Este ano abrimos a programação para o público em geral com a apresentação dos “Bonecos de Santo Aleixo”, uma proposta de teatro popular cuja origem remonta ao séc XVIII. Os bonecos, hoje propriedade do CENDREV, são agora manipulados por actores profissionais que garantem a continuidade desta expressão artística alentejana e a levam a inúmeros festivais em todo o mundo.
Por outro lado, voltamos a ter no programa um espectáculo profissional do GATO SA, com a mais recente produção, VAI VEM, um espectáculo de teatro físico recentemente estreado na BARRACA, em Lisboa, fruto de um arrojado projecto luso-colombiano iniciado em Setembro de 2014. Julgo que a Mostra faz mais sentido desta maneira e tentaremos, por isso, dar continuidade a esta vertente de criação autónoma para integrar no festival.
Mas a programação deste ano inclui outras peças recentemente criadas e que receberemos como uma das suas primeiras apresentações. É o caso de “Balada do Velho Marinheiro” do TEATRO DO MAR, estreado em Sines a 17 de Abril; de “António e Maria” do TEATRO MERIDIONAL, estreado a 7 de Maio no CCB; de “Hotel Flamingo” da PROPOSITÁRIO AZUL, estreado a 7 de Maio no Cinearte em Lisboa; de “Nham Nham” da Academia INATEL, com estreia prevista para 12 de Junho no Teatro da Trindade; de “A Razão” do TAS, com estreia também marcada para junho em Setúbal. Pela primeira vez programamos 50% de espectáculos acabados de montar, o que só é possível com uma grande confiança e cumplicidade com as companhias e os criadores, forjada ao longo de 15 anos de festival.
De destacar que teremos pela primeira vez no nosso palco, para além dos actores internacionais, a grande Maria Rueff com o Teatro Meridional; mas também o regresso sempre desejado da actriz Maria do Céu Guerra, à frente de um grande elenco, com uma versão do Tartufo reescrita por Hélder Costa.